IRINÉA PEREIRA GOMES
( BRASIL – RIO DE JANEIRO )
Licenciada em Letras. Pós-graduada em Língua Portuguesa.
Concurso de Poesia - União dos Professores Públicos no Estado – União dos Professores Públicos no Estado — Sindicato — 1º. Lugar, da Fundação Municipal de Educação — Niterói – RJ — 1º. e 2º. Lugar: O Potro Negro.
Faculdades Integradas Maria Thereza, Niterói – RJ.
ANTOLOGIA DEL SECCHI, 2005 Volume XV, Rio de Janeiro: 328 p. 14 x 21 cm ISBN 85-8649-14-3 No. 10 231
Exemplar da biblioteca de Antonio Miranda, doação do amigo (livreiro) Brito, Brasília, novembro de 2024.
SOLIDÃO
Só, apenas o pensamento e o zumbir de insetos,
em profunda introspecção.
A lhe invadir a alma, sensação de torpor,
de flutuar, sem chão, o pesado corpo,
vazio, sem emoção.
Perdido na imensidão da natureza crua,
e, “fkashback”, a fria realidade.
O solitário ser, mergulhado em si,
em tardio espanto, só lhe tem a acompanhar,
o sábio, o canto.
O arauto do amor chamava a primavera
para a dor do igual; o que, em busca,
espera encontrar o par
— talvez, simples quimera — em um lugar qualquer
desta imensa Terra.
O pássaro entendeu a solidão comum
no cerne do “mim” e de todos os “si”
do mundo. Na busca do ideado,
da ilusão mais pura, emergiu, à verdade,
a solita criatura.
O canto era só seu. O amigo — também só:
como bêbados solidários
em resto de noite fria, perdidos no cismar
da triste trajetória — cantava para alentar
o náufrago da história.
O PENSAMENTO:
ILIMITADO HORIZONTE DO SER
Há um horizonte ilimitado
para todo o ser dotado
do talento de pensar
para viver todas as vidas
que lhe foram permitidas,
e outra tantas... a sonhar.
Voando nas asas do vento,
o Pégaso, o pensamento
— correndo terras e mares —
transporta-o a outras lugares;
desfolhando toda a história,
num átimo, a reter memórias...
Ser criança mui ligeira,
Ver-se camponesa trigueira.
Sentir-se moça faceira...
africana, índia ou inglesa,
escrava ou mesmo princesa,
bela rainha, uma deusa.
Ter palácio encantado
e, por certo, habitado
por valete apessoado...
um cavaleiro andante,
um ousado príncipe infante,
um valente duque ou um rei.
Em apenas um segundo,
ir ao fim do mar; ao fundo...
tocar o teto do mundo.
Fazer da lua um brinquedo
e, em terno e infantil
folguedo,
roubar o ouro do sol.
Colher todas as estrelas
em doação ao amor.
Viver o ardor contido...
comer o fruto proibido
as safra que já fundou.
Fazer da vida uma festa,
uma constante seresta
sem nunca pensar na dor!
CIRANDA DE SONHOS
As agruras do viver
esvaem-se no peito meu,
quando, à noite, o meu sonhar
sonha alegre o sonho teu.
Sonhando, também, os sonhos
de um presente/passado,
sinto agora a perda do tempo
no tempo do sonho sonhado.
Em sonho, choro os sonhos
da opulência e do poder,
pois tudo não é mais que sonho
na escalada do viver.
Ao sonhar, de amor, os sonhos,
— em se aclarando a memória —
vejo que o amor sonhado
é simples e linda história.
No sonho, sonhando os sonhos
como o enrolar de retroses
e, no viver desses sonhos,
as horas passam velozes.
Essa ciranda de sonhos
malucam desgovernada,
faz um sonho dos meus sonhos
e permaneço acordada.
E nesses sonhos ingênuos
dos sonhos que afetam a mim,
sonhando sonhos amenos,
vou esquecendo... o FIM.
*
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Página publicada em dezembro de 2024
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